Certa vez, durante um banquete na Grécia Antiga, um belo rapaz chamado Alcebíades – talvez o mais belo entre os atenienses – após tomar muito do vinho azedo que serviam naqueles tempos se irritou com a presença de Sócrates na mesa e, em um rompante passional, começou a atacá-lo colérica e apaixonadamente. Acusando Sócrates de ter uma retórica apaixonante como a de sátiros tocando flauta na floresta, como que se enfeitiçasse os corações ingênuos, acusando Sócrates de o perseguir em todas as suas noites de sono… Os seus sonhos não mais seriam os mesmos até o dia da sua morte, pois desejava Sócrates e este não se importava com ele. Sócrates era um homem fantástico e cruel e por isso não deveria ser idolatrado, mas sim excluído das rodas dos mortais para sempre!
Como estamos vendo, utilizando de uma falácia clássica – o ad hominem – Alcebíades acusou Sócrates de não possuir certos valores morais que, na Grécia Antiga, basicamente queria dizer “a vontade de possuí-lo” mesmo. Triste e apaixonado, Alcebíades aparentemente não leu o meu texto anterior sobre falácias na mesa de bar (clique aqui para entender um pouco mais dessa bagunça) e utilizou uma falácia contra Sócrates, o chato dos chatos, o maior dos retóricos. Pois Sócrates respondeu à altura de toda a sua sapiência disfarçada de ignorância:
Mistura perigosa: Álcool e gente. É, meus amigos, se nem na Grécia Antiga havia como escapar dos barracos e falácias, imagine hoje… Após esse prólogo é hora de mais um texto sobre as falácias na mesa do bar!