Fosfoetanolamina: uma história mal contada

Talvez você tenha notado recentemente nos meios de comunicação e nas redes sociais certo barulho causado por uma “nova cura” do câncer: a fosfoetanolamina (FOSFO). Pra quem não foi atingido por esta onda vou fazer um breve resumo da história. No dia 17 de agosto, pacientes com câncer entraram na justiça para que a USP libere a distribuição de um suposto “remédio” para o combate da doença. O composto era produzido e distribuido dentro do Instituto de Química da USP-São Carlos (IQ-USP) e há relatos de melhoras dos sintomas e até cura. Em 2014, o IQ-USP passou uma portaria que regulava a produção e distribuição de qualquer substância usada com finalidade terapêutica produzida dentro de suas dependências. O documento esclarece que apenas aquelas substâncias que apresentarem toda a documentação emitida por órgãos públicos de saúde poderão seguir sendo produzidos e distribuídos pelo Instituto. A FOSFO, por não ter esses documentos, deixou de ser distribuída. O que se seguiu foi uma onda de brigas judiciais e protestos que agora ganham força pela cobertura da mídia.13042012drogas_remedios008-1115723 Continuar lendo

E o Nobel 2015 vai para…

Nobel_PrizeVocê já deve ter ouvido falar do Prêmio Nobel e também deve saber que esse prêmio honra avanços científicos e culturais. Esse prêmio é concedido anualmente em várias categorias e o laureado recebe uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia em dinheiro que é definida pela Fundação Nobel (desde 2012 essa quantia gira em torno de 1,2 milhões de dólares). É interessante dizer que o Nobel não é atribuído postumamente.

Alfred Nobel (1833-1896) nasceu em Estocolmo, Suécia, e se tornou um famoso cientista, inventor, homem de negócios e fundador do Prêmio Nobel. Ele faleceu em 1896 na Itália. Em seu testamento destinou a maior parte de sua fortuna para ser usada como prêmios para aqueles que tivessem atingido conquistas importantes para a humanidade em áreas de física, química, fisiologia e medicina, literatura e paz. Em 1901, os primeiros prêmios foram anunciados. Continuar lendo

Diabetes e a questão científica

Quando ser um cientista?

Discutindo com amigos, foi levantada uma questão corriqueira de saúde. Diabéticos têm problemas para cicatrização.

Amigos e familiares de pacientes geralmente sabem desta informação, seja obtida através do médico, grandes mídias ou por experiência.

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Mas por que os diabéticos têm problemas de cicatrização? Continuar lendo

Prisma Entrevista: Caçadores de Neuromitos

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O que você sabe sobre o seu cérebro é verdade?

Para nos aprofundarmos nessa questão, confira a nossa entrevista com a Dra. Larissa Zeggio, uma das autoras do Livro “Caçadores de Neuromitos” lançado em Junho de 2015:

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Legenda: Organizado pela Profa. Roberta Ekuni, Dra. Larissa Zeggio e Prof. Dr. Orlando Francisco Amodeo Bueno

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Revisão por pares: um mal necessário? (Parte 2)

Clique aqui para ler a parte 1.

“É isso mesmo? Revisão por pares é isso ai?”

Quando perguntadas a respeito de suas opiniões sobre a revisão por pares e o seu papel na Ciência, tanto pessoas inseridas no mundo acadêmico quanto o público em geral vêm este procedimento como algo benéfico. Muitos identificam a revisão por pares como um processo avaliativo da ciência sobre si mesma, capaz de separar o joio do trigo, garantindo a integridade geral deste sistema. Tal afirmação é verdade, em parte. Apesar de parecer bonito no papel, o peer review que é feito hoje em dia comete muitos erros e foge dos pressupostos teóricos que toma por base, dando motivo para a desconfiança. E quais erros e motivos são esses? Continuar lendo

Revisão por pares: um mal necessário? (Parte 1)

Um dos argumentos mais utilizados pelos defensores da Ciência e dos métodos que ela emprega para compreender a natureza é justamente a maneira pela qual ela realiza tal feito. O Método Científico – que não se limita somente à observação de um fenômeno e a formulação de uma hipótese que o explique, mas também pelo teste destas explicações – é o cerne de tal empreitada. Contudo, para aqueles que se encontram inseridos dentro do meio acadêmico e envolvidos com uma pesquisa científica, o trabalho não termina quando uma hipótese é rejeitada ou não. O “último” passo de uma pesquisa é a publicação de seus achados em uma revista científica. Tal passo envolve uma etapa que por muitos é encarada como o mecanismo de controle de qualidade da ciência e por outros como a âncora que atrasa o seu avanço: a revisão por pares (peer review).

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Creditos James Yang

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Divulgação de evento!

Nota

eventoO avanço científico é marcado por uma constante especialização de áreas de pesquisa. Saímos da Física e fomos para a termodinâmica e relatividade geral. Da Biologia à taxonomia e biologia molecular. Sem perceber, cientistas e entusiastas da ciência se afundam mais e mais em seus campos de interesse e perdem o panorama daquilo que realmente buscam conhecer: a natureza. Chegou a hora de levantar nossas cabeças e começar a olhar o que outras pessoas estão fazendo.

É por isso que o psicólogo e etólogo Jerry Hogan e o psicólogo Altay Lino de Souza estão organizando o seminário Cérebro, Cognição, Comportamento e Evolução: De Poliglota a Monoglota? Frente a frente pesquisadores brasileiros e estrangeiros irão discutir como cada um deles utiliza abordagens diferentes para responder as mesmas perguntas sobre a natureza que tanto lhes interessa. Um choque de mundos científicos!

O evento ocorrerá nos dias 15, 16 e 17 de junho no Instituto de Estudos Avançados – USP e não precisa de inscrição. Haverá transmissão ao vivo pela Internet com a possibilidade de envio de perguntas.

Acesse o link abaixo para saber mais sobre o seminário:
http://goo.gl/ua0Yqf Continuar lendo

A morte e os profissionais da saúde

Cena do filme

Cena do filme “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman

Rituais fúnebres sempre estiveram presentes em diversas culturas e a medida que cada sociedade apresentava aspectos culturais que promoviam disparidade entre tais rituais, estes eram indicativos de um espectro geral das crenças do grupo. Tais crenças seriam representativas de toda a esfera de concepções dessa cultura quando expandida. À sua maneira, cada cultura escrevia a história da relação do ser humano com a morte e assim criava uma estratégia a mais de enfrentamento. Sendo assim, para falar sobre a morte é preciso antes pensar na vida. Continuar lendo

Divulgação de evento!

Nota

logotipocompletoUmas das autoras aqui do Prisma Científico, Dra. Karina Abrahao, juntamente com as Profas. Dras. Tatiana Ferreira e Raquel Fornari gostariam de convidá-los a participar do simpósio que irá reunir diversos cientistas internacionais para discutir recentes avanços e perspectivas sobre os mecanismos neurais da regulação do comportamento e da memória. O evento ocorrerá nos dias 5 e 6 de julho de 2015 nas dependências da Universidade Federal do ABC e conta com o apoio da FAPESP, CAPES e da pró-reitoria de extensão da UFABC.

Vagas limitadas! Confiram maiores informações no site do evento.

http://neuro.ufabc.edu.br/behaviorandmemory/

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A rata Zana

Há um bom tempo atrás, durante minha iniciação científica, vivi um momento um tanto inusitado. Enquanto eu terminava de arrumar o material que acabara de usar em um experimento, um professor que fazia parte do mesmo laboratório que o meu começou a receber alguns alunos para discutir a nota da prova final deles. Eis que uma de suas alunas, ao caminhar para fora da sala após uma intensa negociação de 0,3 ponto deparou-se com uma caixa-moradia onde estavam alguns camundongos. Como prática rotineira laboratorial, cada caixa deve ter uma etiqueta onde informações importantes são escritas, como por exemplo, o nome do experimentador responsável por aqueles animais. Ao ler o nome “João Victor” na etiqueta, a garota olhou para mim e para o professor e disse com um sorriso no rosto: “Que bonitinho! Eles têm nomes!”. Inevitavelmente, após a aluna sair da sala, eu e o professor não conseguimos evitar o riso e a incredulidade: como alguém acha que nós damos nome aos camundongos? Continuar lendo